para a Rainha Andréa
para Calíope
para Luna
é, a vida é assim,
e há os dias de caos,
turbilhão,
e as nevascas internas
e os maremotos,
e também os dias
sem sal, sem sol, sem som,
em que apenas uma garoa fina
chove... dentro da gente.
P.
19 de ago. de 2008
12 de jun. de 2008
Poema pós-vindourista
ao jovem mestre pré-vindourista Jessé Gabriel
Um céu limpo se fazia
na manhã
nuvens se espalhavam
pinceladas suavemente
as folhas balançavam
e o vento soprava
ameno como teu tom
toada amena
de um dia que sabe das coisas
de toda a história
de todo movimento
do mundo
da vida
e o mudo
da tua quietude
repousa
Anjo Maldito
retorna ao pai
e toma sob teu olhar
esse dia
o nosso dia
essa nossa comédia
colméia maculada
alma machucada agora
sem tua aura
retoma teu rumo
estrela-cadente
que tua luz arisca
risca e recorta esse mar
onde tantas línguas mortas
fostes achar
foges aos olhos outros
enterras teu brio
e enterras perguntas
tantas
que o tempo
tomado de teu brilho
não deixará que se apaguem
segue
Anjo-menino
sossega essa voz
que sozinho não vais
vamos todos
no silêncio dessas nuvens
que jamais serão as mesmas.
[Desterro, 03/06/2008]
Um céu limpo se fazia
na manhã
nuvens se espalhavam
pinceladas suavemente
as folhas balançavam
e o vento soprava
ameno como teu tom
toada amena
de um dia que sabe das coisas
de toda a história
de todo movimento
do mundo
da vida
e o mudo
da tua quietude
repousa
Anjo Maldito
retorna ao pai
e toma sob teu olhar
esse dia
o nosso dia
essa nossa comédia
colméia maculada
alma machucada agora
sem tua aura
retoma teu rumo
estrela-cadente
que tua luz arisca
risca e recorta esse mar
onde tantas línguas mortas
fostes achar
foges aos olhos outros
enterras teu brio
e enterras perguntas
tantas
que o tempo
tomado de teu brilho
não deixará que se apaguem
segue
Anjo-menino
sossega essa voz
que sozinho não vais
vamos todos
no silêncio dessas nuvens
que jamais serão as mesmas.
[Desterro, 03/06/2008]
19 de mai. de 2008
Poemas lageanos
para Sami
I
Talvez adoeça e
adormeça por um milhão
de dias
guardado numa valise
que só agora
percebo valiosa
atrasada talvez
vaidosa falta que quase liga
desliza e desafia
tarefa de afeto
deseja e domina essa fagulha
que murmura uma saudade
de fogo tão breve
que deve dormir
por um dia
um ano
pra sempre
talvez
II
Apodrece agora esse ar
e dói cada centímetro
e flui nas veias o ócio
e onde é agora
essas quatro paredes
esse teto
essa tevê
essa caneta que
me aponta quando escrevo
onde é
que quero chegar
se o sono não
vem
lá do fundo
o que diz que sou
só um
dessa raça que chora
espera
e agora disfarça
III
Pode ser que eu espere
as cinzas do dia
pode ser que eu separe
e pareça perdido
mas vai parecer sempre
que vôo
que soluço
toda vez que ouço
tua voz num breve "unhum"
IV
Cerquei o poema
e pedi um autógrafo
perdi a paciência
e cravei a caneta
no peito do poema
e nunca soube
se o que escorria
era tinta
ou era alma
10/05/2008
(em Lages, num quarto de hotel)
V
Nesse momento
são frias as certezas
as certezas que tenho
estão imóveis
mesmo com o vento gelado
não giram nenhum catavento
as certezas se amontoam
num emaranhado incerto
apegadas à certeza
de que talvez o sol
ainda
volte a brilhar
como brilha nos olhos
do negrinho
como brilha nos cabelos
da loirinha
como brilha nesse sonho de infância
nesse mergulho vespertino
numa piscina imaginária na periferia
e nunca
esses olhos
esses cabelos
lembrarão de mim
mas as certezas talvez se aqueçam
talvez esqueçam
e me livrem
dos pequenos fantasmas
de toda noite.
11/05/2008
(nas ruas de Lages)
[el rodriguez]
I
Talvez adoeça e
adormeça por um milhão
de dias
guardado numa valise
que só agora
percebo valiosa
atrasada talvez
vaidosa falta que quase liga
desliza e desafia
tarefa de afeto
deseja e domina essa fagulha
que murmura uma saudade
de fogo tão breve
que deve dormir
por um dia
um ano
pra sempre
talvez
II
Apodrece agora esse ar
e dói cada centímetro
e flui nas veias o ócio
e onde é agora
essas quatro paredes
esse teto
essa tevê
essa caneta que
me aponta quando escrevo
onde é
que quero chegar
se o sono não
vem
lá do fundo
o que diz que sou
só um
dessa raça que chora
espera
e agora disfarça
III
Pode ser que eu espere
as cinzas do dia
pode ser que eu separe
e pareça perdido
mas vai parecer sempre
que vôo
que soluço
toda vez que ouço
tua voz num breve "unhum"
IV
Cerquei o poema
e pedi um autógrafo
perdi a paciência
e cravei a caneta
no peito do poema
e nunca soube
se o que escorria
era tinta
ou era alma
10/05/2008
(em Lages, num quarto de hotel)
V
Nesse momento
são frias as certezas
as certezas que tenho
estão imóveis
mesmo com o vento gelado
não giram nenhum catavento
as certezas se amontoam
num emaranhado incerto
apegadas à certeza
de que talvez o sol
ainda
volte a brilhar
como brilha nos olhos
do negrinho
como brilha nos cabelos
da loirinha
como brilha nesse sonho de infância
nesse mergulho vespertino
numa piscina imaginária na periferia
e nunca
esses olhos
esses cabelos
lembrarão de mim
mas as certezas talvez se aqueçam
talvez esqueçam
e me livrem
dos pequenos fantasmas
de toda noite.
11/05/2008
(nas ruas de Lages)
[el rodriguez]
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