12 de jun. de 2008

Poema pós-vindourista

ao jovem mestre pré-vindourista Jessé Gabriel

Um céu limpo se fazia
na manhã
nuvens se espalhavam
pinceladas suavemente
as folhas balançavam
e o vento soprava
ameno como teu tom
toada amena
de um dia que sabe das coisas
de toda a história
de todo movimento
do mundo
da vida
e o mudo
da tua quietude
repousa
Anjo Maldito
retorna ao pai
e toma sob teu olhar
esse dia
o nosso dia
essa nossa comédia
colméia maculada
alma machucada agora
sem tua aura
retoma teu rumo
estrela-cadente
que tua luz arisca
risca e recorta esse mar
onde tantas línguas mortas
fostes achar
foges aos olhos outros
enterras teu brio
e enterras perguntas
tantas
que o tempo
tomado de teu brilho
não deixará que se apaguem
segue
Anjo-menino
sossega essa voz
que sozinho não vais
vamos todos
no silêncio dessas nuvens
que jamais serão as mesmas.


[Desterro, 03/06/2008]